ABEP 2012- Pre-evento RIPSA-GT Saúde

Prezados,

É com grande prazer que convidamos a participarem da Oficina “Estimativas de indicadores demográficos e de Saúde. Problemas e desafios da desagregação espacial, na análise das tendências e de disponibilidade de informação de qualidade. O caso da RIPSA nos estados”, que ocorrerá no dia 19 de novembro de 2012, de 9h às 17h, em Águas de Lindóia, São Paulo, como atividade de pre-evento do XVIII Encontro Nacional de Estudos Populacionais (www.abep.org.br).
A programação será disponibilizada brevemente.
Atenciosamente,
Ana Maria Nogales Vasconcelos
Angela Maria Marques
Dalia Romero

Resumo do Seminário de Informação e Indicadores em Saúde: Questões Metodológicas e Demográficas

O Seminário congregou pesquisadores, professores e estudantes da área de Saúde Pública, Epidemiologia e Demografia, além de tomadores de decisão e gestores da área de saúde com a finalidade de discutir a respeito de questões metodológicas e demográficas, avanços no campo da análise epidemiológica, incluindo a produção e qualidade de informações e indicadores que servem de base para elaborar políticas públicas e implementar intervenções na área de saúde pública. O evento permitiu motivar, reunir e promover a discussão de pesquisas e trabalhos científicos de pesquisadores em Demografia, Epidemiologia e Saúde Pública, favorecendo o acesso de alunos de pós-graduação.  Destacou-se no evento que foi uma grande oportunidade para retomar a discussão coletiva sobre o tema, já que, a última reunião com objetivos similares ocorreu em 2007. O público distribuiu-se entre cerca de 10% de participantes do IBGE, 5% vindos do Ministério da Saúde, 35% da Fiocruz, 20% de representantes das secretarias de saúde e outros 30% oriundos de institutos de pesquisa.

Na cerimônia de abertura do seminário participaram Umberto Trigueiros (Diretor Icict/Fiocruz), José Marcos P. da Cunha (Presidente ABEP), João Baptista Risi Júnior (RIPSA), os quais destacaram a importância do evento não só para estreitar os vínculos de trabalho entre os profissionais da saúde e da demografia, mas também pela oportunidade que se teria de discutir temas atuais e relevantes como a saúde nos censos, os desafios dos inquéritos, entre outros.

Da esquerda para a direita: Umberto Trigueiros, José Marcos P. da Cunha e João Risi. 



No dia 13/8, a mesa da manhã debateu o tema “Questões metodológicas e demográficas das estatísticas vitais do Ministério da Saúde: problemas e perspectivas”. A mesa foi coordenada por Maria do Carmo Leal e participaram: o coordenador geral de Informação e Análise Epidemiológica do Ministério da Saúde, Juan José Carlos Escalante, a demógrafa da UNB e secretária geral da Abep, Ana Maria Nogales, e a epidemiologista e pesquisadora do Lis/Icict Célia Landmann.

Maria do Carmo Leal (Ensp/Fiocruz), Célia Landmann (Lis/Icict/Fiocruz), Ana Maria Nogales (Abep/UNB) e Juan Cortez Escalante (Sec. de Vigilância em Saúde –Dep. Análise da Situação de Saúde/MS).



Na comunicação “Integração das bases das Estatísticas Vitais e Gerenciamento do SIS”, Juan Escalante apresentou o histórico, os desafios e as iniciativas recentes para a melhoria do Sistema Nacional de Nascidos Vivos (Sinasc) e do Sistema de Informações sobre Mortalidade (Sim) assim como os Indicadores desses sistemas no IDB/RIPSA. O Dr. Juan sinalizou que é importante para o MS continuar dando suporte a diversas políticas públicas prioritárias para o país como a Rede Cegonha, Redução das DCNT, Projeto Vida no Trânsito, entre outras. Entre as ações do Ministério da Saúde para melhoria da qualidade das informações, o Dr Juan apontou:

·         Avaliação da situação da investigação de óbitos por causas mal-definidas no estado de Alagoas e Bahia – 2012;
·         Avaliação de estimativas de prematuridade – 2012;
·         Pesquisa de Busca Ativa de óbitos e nascimentos – MG e GO – 2012
·         Formação de Núcleo de Classificação Internacional de Doenças no MS – 2012;
·         Organização da Reunião Anual da Família de Classificação de Doenças da OMS – Brasília – 2012.
Já Ana Maria Nogales proferiu a palestra “Metodologia de avaliação da informação sobre causas de mortalidade” na qual fez um resumo das alternativas disponíveis para avaliar uma variável do SIM da maior relevância para a saúde pública.

Célia Landmann apresentou a pesquisa que coordena no Nordeste e Amazônia Legal, junto ao Ministério da Saúde, intitulada “Busca ativa de óbitos em municípios com precariedade das informações”. Destacou que o subregistro está afetado por problemas observados no fluxo das informações do SIM e na eficiência das redes de serviços de saúde. A pesquisa foi realizada em 17 Estados. Na pesquisa verificaram a alta relação entre condições precárias de alguns municípios de pequeno porte e a qualidade da informação. Sua apresentação versou sobre a pesquisa; alguns dos pontos principais apresentados:

Indicadores de adequação das informações

·         Indicadores de sub-enumeração;
·         CGM padronizado; Razão entre NV informados e esperados; Taxa de natalidade;
·         Indicadores de regularidade;
·         Desvio médio do CGM em um triênio; Desvio médio da taxa de natalidade em um triênio.

Busca ativa de óbitos no NE e Amazônia Legal

·         Foram selecionados 133 municípios probabilisticamente em 17 UF.
·         A amostra de municípios foi estratificada por tamanho da população, índice de adequação das informações vitais e região (N+MT, NE).
·         Em cada estrato, foram selecionados, aleatoriamente, 5-6 municípios. As capitais foram selecionadas com probabilidade 1.
·         O objetivo principal foi o de encontrar as coberturas (fatores de correção) de óbitos e NV informados por estrato, para possibilitar a estimação da mortalidade geral e indicadores de mortalidade por município e por Unidade da Federação.

Célia Landmann (Lis/Icict/Fiocruz) e Ana Maria Nogales (Abep/UNB)



Etapas da Busca Ativa

·         Etapa preliminar: preparação da pesquisa
·         Reunião com a Secretaria Municipal de Saúde
·         Comparação dos bancos da SVS, do estado, da regional e do município-caso
·         Cadastramento das fontes de informações
·         Busca ativa de NV e óbitos nas diversas fontes cadastradas
·         Confirmação dos eventos
·         Envio de material para a Fiocruz para digitação
·         Digitação dos resultados da busca ativa
·         Verificação da existência de DNV e DO nos bancos nacionais.

Resultados

·         Dos 133 municípios selecionados, 129 realizaram o processo de busca ativa.
·         Para estes municípios, o total de óbitos informado ao SIM em 2008 foi de 123.013 e o total de nascimentos informado ao SINASC foi de 424.348.
·         Na busca ativa, foram encontrados 13863 óbitos não fetais e 30208 nascidos vivos (NV).
·         Foi realizado o relacionamento entre o banco de óbitos encontrados na busca ativa e o SIM nacional (setembro de 2009), pelo número da DO, para verificação de eventos já informados.
Na tarde do dia 13/8, foi abordado o tema “Experiência no Brasil de Inquéritos Nacionais em Saúde”. A mesa, coordenada pela pesquisadora Célia Landmann, do Lis/Icict, buscou apontar como os inquéritos possibilitam investigar não só as condições de saúde e exposições ao risco da população, mas também o desempenho do sistema de saúde.
Marco Andreazzi, da Coordenação de População e Indicadores Sociais, do IBGE, fez um histórico dos inquéritos e levantou a discussão da interface entre os inquéritos e a pesquisa na área de saúde. O pesquisador e médico demonstrou a importância de dados como os da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), e os da Pesquisa Nacional de Saúde Escolar (PeNSE), dentre outros, que levantam informações que podem estabelecer uma nova política no planejamento para a saúde.

Andreazzi também chamou atenção para o impacto da tecnologia no acesso à saúde. “Até que ponto a agregação de tecnologia, que trouxe mudanças no custo da saúde, mas também uma melhor qualificação médica, está trazendo benefícios para a população atendida pelo SUS?” Ele exemplificou abordando a questão de tomógrafos computadorizados no país. Segundo Andreazzi, no “Brasil dos planos de saúde”, existem 44,3 tomógrafos para cada milhão de habitantes, o que deixa o país em um confortável terceiro lugar, atrás do Japão e da Austrália. Já no “Brasil do SUS”, o país possui 6,0 tomógrafos por milhão de habitantes, ocupando a penúltima posição, ficando à frente apenas do México.

Marco Andreazzi (Coordenação de População e Indicadores Sociais/IBGE)



Em seguida, Lenildo Moura, da Secretaria de Vigilância Sanitária (SVS/MS), falou sobre a “Pesquisa em Doenças e Agravos não-Transmissíveis – DANT”, Na pesquisa são avaliadas características sócio-demográficas, tabagismo e álcool, exposição solar, percepção de saúde e morbidade referida, qualidade de vida em sua condição funcional, violência familiar, e etc. Abaixo, os tópicos principais de sua apresentação:

·         Principais Inquéritos/ Pesquisas do Ministério;
·         Pesquisa em Doenças e Agravos Não Transmissíveis – DANT :inquérito domiciliar sobre comportamentos de risco e morbidade referida;
·         Inquéritos de Base Populacionais;
·         SVS / INCA;
·         Anchieta;
·         PNS;
·         Telefônico – VIGITEL;
·         Populações Específicas;
·         VIVA;
·         PeNSE;
·         Produtores de Tabaco.

O inquérito foi realizado em Anchieta, no sul do Espírito Santo, cuja população é de 23.894 habitantes (segundo dados do IBGE). A aplicação da pesquisa envolveu 47 agentes comunitários de saúde, oito agentes de endemias, um técnico da Vigilância Sanitária e um auxiliar administrativo da Secretária Municipal de Saúde. O objetivo geral da pesquisa é implantar um sistema de vigilância dos fatores de risco e proteção para DANT de forma integrada com a atenção básica em Anchieta–ES, utilizando como base as diretrizes da Iniciativa CARMEN.

Celia Landmann (Lis/Icict/Fiocruz), Lenildo Moura (SVS/MS) e  Marco Andreazzi (Coord. População e Indicadores Sociais/IBGE) 



A Saúde nos Censos do Brasil
O segundo dia (14/8) do “Seminário de Informação e Indicadores em Saúde: questões metodológicas e demográficas”, organizado pelo Laboratório de Informação em Saúde (Lis/Icict) e o grupo de trabalho ‘População e Saúde’ da Associação Brasileira de Estudos Populacionais (Abep), foi aberto com a conferência da coordenadora da área de Demografia e Informação sobre População, da Organização das Nações Unidas (Celad/Cepal/ONU), Magda Ruiz, que falou sobre “A saúde nos censos de 2010 na América Latina: aspectos conceituais, metodológicos e de divulgação da informação”.

Dra. Magda Ruiz abordou, dentre outros temas, a questão de grupos específicos que muitas vezes não recebem a devida atenção nos inquéritos dos censos demográficos, citando em especial os imigrantes, cujas diferenças culturais implicam em atendimentos muitas vezes precários nos serviços de saúde. Incluiu nesse grupo também os centegenários, idosos com mais de 100 anos, que igualmente não estão sendo contemplados nos Censos, embora a tendência mundial seja a longevidade.

Além disto, mostrou um panorama dos censos realizados em toda a América Latina e alertou sobre a importância de haver censos com periodicidade regular. Segundo ela, a qualidade dos inquéritos realizados implicará em informações relevantes para ajudar a traçar as políticas públicas de saúde de cada país e região.

Fechando a parte da manhã, com a comunicação “A saúde nos censos do Brasil”, Laura Wong e Cássio Turra, do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Gabriel Borges, do IBGE, e Christovam Barcellos, do Icict/Fiocruz, em mesa coordenada por Luis Patrício Ortis, da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados – SEAD, abordaram aspectos como divergências entre os números do Censo, do Datasus e do Registro Civil, tanto em questões da mortalidade materno-infantil, como na mensuração da idade adulta de centenários. 

Christovam Barcellos apresentou informações sobre saneamento em todo o território nacional e chamou a atenção para o número de pessoas com geladeiras, celulares e casas com banheiro, mas que sequer têm acesso à água ou ao saneamento básico.
Gabriel Borges, do IBGE, falou sobre os problemas e limitações do recenseamento, mostrando a importância da informação coletada para políticas e ações em saúde, as inovações gerenciais, metodológicas e tecnológicas trazidas pelo Censo brasileiro. Ele falou também das dificuldades em se recensear 190 milhões de brasileiros e 60 milhões de residências.

Magda Ruiz alertou para os erros de censos feitos em vários dias e respondidos por muitas pessoas de um mesmo domicílio. Para ela, “há a perda da qualidade da informação”, devido a variação nas respostas. Na avaliação dos palestrantes, bem resumida por Cássio Turra, a questão, na maioria das vezes, está na base de dados. “É preciso olhar com desconfiança os dados díspares, cruzando os números, utilizando outros inquéritos para se ter uma melhor ideia da realidade”, analisa.

A parte da tarde foi iniciada com o “Panorama das Pesquisas na pós-graduação em Demografia, Informação em Saúde e Saúde Pública”, no qual alunos de mestrado e doutorado da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz), da Universidade de Campinas (Unicamp) e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) expuseram suas pesquisas, que abordam temas como gênero, raça e violência; mortalidade por homicídio; internação e expectativa de vida de idosos; mortalidade infantil e acesso ao parto nos municípios brasileiros.

Finalizando o dia, Allan Nuno de Sousa, coordenador do Departamento de Atenção Básica, do MS, e Dália Romero, pesquisadora do Lis/Icict e coordenadora do seminário, falaram sobre monitoramento e avaliação da atenção básica e os sistemas on-line de indicadores de saúde. Allan Nuno ressaltou o Plano Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ), sistema de avaliação que permite aos profissionais de saúde e à população usuária do SUS avaliar as unidades de saúde, o que implicará em certificações de qualidade para as unidades. Allan Sousa disse que 17.304 equipes participantes e 37.533 usuários foram entrevistados, e cerca de 9.300 unidades já foram avaliadas, o que corresponde a 53,8% do total.

Sistemas de informação também foram tema do seminário

Para encerrar o Seminário, Dália Romero falou sobre os indicadores on-line de saúde para a Gestão do SUS e passou a palavra para Heglaucio Barros, do Icict, que mostrou os sistemas desenvolvidos pelo Instituto e que vêm sendo utilizados como referência para o Ministério da Saúde. São eles o Monitor Aids – Sistema de Monitoramento de Indicadores do Programa Nacional de DST e Aids (MonitorAids); MonitorIMI – Sistema de Monitoramento dos Indicadores de Mortalidade Infantil; Atlas Água Brasil – Sistema de Avaliação da Qualidade da Água, Saúde e Saneamento; Proadess – Projeto de Avaliação de Desempenho do Sistema de Saúde; Sisap-Idoso – Sistema de Indicadores de Saúde e Acompanhamento de Políticas do Idoso; além do QualiIAM – Sistema de Qualidade da Atenção ao Infarto Agudo do Miocárdio, exclusivo para hospitais públicos e privados.

Todo o seminário foi filmado, e as apresentações serão disponibilizadas (mediante a autorização dos palestrantes) aos participantes e ao público em geral através do blog do GT de Saúde e População da Abep e também pelo site do Icict.

Ao final, um coquetel foi oferecido no qual os participantes puderam descontrair-se, confraternizar e, principalmente, estreitar laços tanto profissionais quanto pessoais.